21 de novembro de 2024

Yuval Noah Harari e o Debate sobre Bitcoin: Confiança e Cooperatividade

By Thamires maio23,2024
Yuval-Noah-Harari

Yuval Noah Harari, renomado historiador e autor de best-sellers como “Sapiens” e “Homo Deus”, gerou um intenso debate ao publicar um vídeo no X (anteriormente conhecido como Twitter), onde argumenta que o Bitcoin (BTC) é uma forma de “ouro eletrônico”. Harari reconhece as semelhanças do Bitcoin com o ouro, mas expressa sérias preocupações sobre sua eficácia comparada às moedas fiduciárias tradicionais controladas por governos e bancos centrais.

Bitcoin: Ouro Eletrônico ou Ameaça à Cooperação?

Harari acredita que, embora o Bitcoin imite as características do ouro, essa semelhança não o torna superior às moedas fiduciárias. Ele considera o Bitcoin uma ameaça à cooperação humana e ao desenvolvimento econômico e social, pois é uma forma monetária baseada na desconfiança. Para Harari, o propósito do dinheiro e das instituições financeiras é criar confiança entre pessoas desconhecidas. Ele vê o design do Bitcoin, fundamentado na escassez e na desconfiança, como inadequado para promover essa confiança necessária para a prosperidade social.

No BIS Innovation Summit, um evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais, Harari argumentou que a capacidade dos bancos e governos de imprimir dinheiro é essencial para o progresso econômico e a cooperação social. Ele afirmou que o mandato de criar dinheiro concedido a essas instituições é uma “boa ideia”, que deve ser preservada nas moedas digitais do futuro.

Reações e Controvérsias

As declarações de Harari geraram uma enxurrada de críticas da comunidade cripto. No evento, ele explicou que a escassez intrínseca ao Bitcoin limita a cooperação e o progresso econômico, ao contrário das moedas fiduciárias, que podem ser emitidas conforme necessário para estimular o crescimento econômico. Harari acredita que, ao promover um retorno à escassez de recursos semelhante ao ouro, o Bitcoin representa um retrocesso.

Em resposta às críticas, Harari publicou um vídeo no X, aprofundando sua tese de que o Bitcoin é uma forma de “ouro eletrônico” e representa uma ameaça à confiança nas instituições humanas. Ele destacou que a confiança nas instituições permitiu que os bancos centrais criassem “toneladas de dinheiro novo” para promover o crescimento econômico e a cooperação social.

Argumentos a Favor do Bitcoin

Os defensores do Bitcoin, como Lyn Alden e Nic Carter, contestam a visão de Harari. Alden argumenta que a criptografia, uma tecnologia de desconfiança, viabiliza o comércio eletrônico e oferece às pessoas mais opções de confiança, além do controle dos bancos centrais. Ela acredita que o Bitcoin proporciona às pessoas a liberdade de escolher em quem ou no que confiar, em vez de depender exclusivamente das instituições centralizadas.

Nic Carter, um capitalista de risco e pesquisador de criptomoedas, enfatiza que moedas fortes, como o Bitcoin, facilitam o comércio entre contrapartes sem confiança mútua. Historicamente, ouro e prata eram usados para a liquidação do comércio global justamente por essa razão. Carter argumenta que o Bitcoin é a versão moderna dessa prática, oferecendo uma alternativa ao controle e projeção de poder das moedas fiduciárias.

Michael Saylor, fundador da MicroStrategy, reforça essa visão ao afirmar que o Bitcoin permite a criação de instituições confiáveis. Ele desafia a perspectiva de Harari, argumentando que o Bitcoin oferece uma forma moderna de dinheiro que não depende da confiança nas instituições centralizadas.

Reflexões de Harari sobre Tecnologia e Futuro

Harari é conhecido por seu ceticismo em relação aos avanços tecnológicos. Em suas obras, ele critica as Big Techs, a centralização de dados e os riscos das redes sociais e da inteligência artificial (IA) para a governabilidade e coesão social. No BIS Innovation Summit, Harari alertou sobre os perigos do uso desenfreado da IA no sistema financeiro, que poderia minar a confiança nas instituições e causar instabilidade social.

Harari também expressou preocupações sobre o impacto das tecnologias de desconfiança, como o Bitcoin, na cooperação humana. Ele argumenta que a confiança nas instituições é crucial para a civilização e que confiar exclusivamente em algoritmos pode ser perigoso.

O debate entre Yuval Noah Harari e os defensores do Bitcoin reflete uma tensão fundamental no mundo financeiro: a confiança nas instituições humanas versus a confiança nos algoritmos. Harari defende que a confiança mútua e a cooperação, facilitadas pelas instituições tradicionais, são essenciais para o progresso humano. Os defensores do Bitcoin argumentam que a descentralização e a independência dos bancos centrais são cruciais para a liberdade econômica.

Essa discussão continua a moldar o futuro das finanças globais, destacando a necessidade de equilibrar inovação tecnológica com a preservação da confiança e estabilidade social. À medida que as criptomoedas ganham popularidade, o diálogo sobre seu impacto no sistema financeiro e na sociedade como um todo se torna cada vez mais relevante.