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Powell prepara o Fed para novo corte de juros em meio à incerteza

Corte de juros do Fed

Powell prepara o Fed para novo corte de juros em meio à incerteza

Powell prepara o Fed para novo corte de juros em meio à incerteza

O corte de juros do Fed voltou ao centro das atenções nesta semana. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, fará nesta terça-feira sua última fala antes da próxima reunião de política monetária. A economia dos Estados Unidos segue crescendo acima das previsões, impulsionada por ganhos de produtividade e investimentos em tecnologia, especialmente em inteligência artificial. No entanto, o país ainda enfrenta desafios complexos ligados às políticas tarifárias e de imigração, que podem gerar pressão inflacionária e afetar o mercado de trabalho.

Apesar dos sinais positivos, o ambiente econômico permanece frágil. A paralisação parcial do governo norte-americano suspendeu a divulgação de dados oficiais, como o relatório de empregos de setembro e outras estatísticas essenciais para o monitoramento da economia. Essa ausência de informações cria incerteza adicional para as autoridades do Fed, que precisam tomar decisões baseadas em indicadores incompletos.

Perspectivas para a política monetária americana

Os investidores esperam, portanto, que o corte de juros do Fed seja de 0,25 ponto percentual, ajustando assim a taxa para a faixa entre 3,75% e 4,00%. Além disso, essa possível redução seria a segunda do ano e tem como objetivo equilibrar, por um lado, o enfraquecimento do mercado de trabalho e, por outro, o risco de uma inflação ainda resistente. Por conseguinte, um novo corte em dezembro também não está descartado, já que dependerá dos próximos indicadores de preços e emprego, bem como da evolução do cenário econômico global.

Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, observa que a economia dos EUA vive um “duelo de forças”. As tarifas comerciais e a redução da imigração limitam o crescimento, enquanto os investimentos em inteligência artificial e infraestrutura fortalecem a produtividade. Essas forças opostas tornam difícil prever o verdadeiro ritmo da economia, o que exige cautela por parte do Fed.

O próprio Powell já destacou em discursos anteriores que a política monetária precisa se adaptar rapidamente às mudanças estruturais da economia americana. Ele reconhece que cortes excessivos podem reacender a inflação, mas uma política rígida demais pode aumentar o desemprego e desacelerar o consumo.

Dilema entre crescimento e inflação

As divergências internas dentro do Federal Reserve refletem a complexidade do momento atual. Christopher Waller, diretor do Fed, alertou que as estimativas de crescimento de 4% do PIB no terceiro trimestre contrastam com os sinais de fraqueza no mercado de trabalho. Segundo ele, “não é possível sustentar um crescimento robusto do PIB enquanto o número de empregos diminui”.

Para Waller, o corte de juros do Fed deve continuar de forma gradual, em etapas de 0,25 ponto percentual. Essa estratégia permitiria avaliar o impacto de cada movimento sobre a inflação e o emprego, evitando decisões precipitadas. Outros membros do comitê, porém, acreditam que a economia precisa de estímulos mais fortes, especialmente se o mercado de trabalho continuar perdendo força nos próximos meses.

A processadora de folha de pagamento ADP reportou uma queda nas contratações em setembro, reforçando a percepção de desaceleração. Embora o desemprego ainda esteja em níveis historicamente baixos, a tendência preocupa os formuladores de política monetária, que veem sinais de enfraquecimento na demanda interna.

Incertezas adicionais e impacto global

A incerteza sobre os rumos da economia dos EUA tem impacto direto sobre os mercados globais. As decisões do Federal Reserve influenciam o custo do crédito, o valor do dólar e os fluxos de capital internacionais. Um corte de juros do Fed mais agressivo tende a enfraquecer o dólar, beneficiando as economias emergentes, mas pode gerar volatilidade nos preços das commodities e nos títulos de dívida.

Além das questões internas, o Fed também precisa considerar o cenário internacional. A desaceleração da China, os conflitos geopolíticos e as variações no preço do petróleo representam fatores adicionais de risco. Powell deve mencionar esses elementos em seu discurso, reforçando a necessidade de uma postura flexível e baseada em dados.

Conclusão

A expectativa por um corte de juros do Fed reflete a busca por equilíbrio em um ambiente econômico complexo e cheio de contradições. Powell precisa conduzir a política monetária com prudência, avaliando cuidadosamente o impacto das tarifas, da imigração e da produtividade sobre a inflação e o emprego.

Se optar por uma redução moderada dos juros, o Fed sinalizará confiança na desaceleração natural da inflação. Já um corte mais profundo indicaria preocupação com o mercado de trabalho e com a sustentabilidade do crescimento.

Independentemente da decisão, o discurso de Powell servirá como um guia importante para os investidores e para as economias globais, que acompanham de perto cada movimento do banco central americano.


Decisões recentes do Federal Reserve e seus impactos no dólar