O IGP-M desacelerou para 0,61% em julho, surpreendendo as expectativas do mercado. Saiba mais sobre os impactos dessa variação e o que esperar para os próximos meses.
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou uma desaceleração em sua alta para 0,61% em julho, comparado aos 0,81% registrados no mês anterior. Embora a desaceleração seja positiva, o índice ainda superou as expectativas do mercado, que previam um avanço de 0,46%, conforme pesquisa da Reuters.
Essa variação levou o índice a acumular um aumento de 3,82% nos últimos 12 meses. Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, “Os três índices componentes do IGP-M apresentaram desaceleração de junho para julho. No índice ao produtor e ao consumidor, apesar da influência da desvalorização cambial e dos reajustes de preços administrados, como gasolina e energia, os índices subiram menos nesta edição”. Ele ainda destacou a “queda expressiva nos preços dos alimentos in natura, tanto no índice ao produtor quanto ao consumidor”.
Desempenho dos Componentes do IGP-M
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do IGP-M e apura a variação dos preços no atacado, subiu 0,68% em julho, uma desaceleração frente aos 0,89% do mês anterior. Esse índice é particularmente relevante porque reflete as variações de preços nos níveis iniciais da cadeia produtiva, influenciando diretamente os custos de produção e, consequentemente, os preços finais ao consumidor.
Entre os bens finais, o subgrupo de alimentos in natura teve uma queda significativa de 4,43% no período, comparado a uma alta de 3,00% em junho. Essa queda nos preços dos alimentos in natura pode ser atribuída a fatores sazonais e à melhoria das condições climáticas, que impactam a produção agrícola.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que compõe 30% do IGP-M, registrou uma alta de 0,30% em julho, após avançar 0,46% em junho. O maior impacto nesse índice veio do grupo Alimentação, que caiu 0,84% em julho, contra uma alta de 0,96% no mês anterior. A redução nos preços dos alimentos tem um efeito direto no bolso do consumidor, aliviando a pressão inflacionária sobre as famílias.
Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que tem um peso de 10% no IGP-M, subiu 0,69% no período, desacelerando em relação aos 0,93% de junho. O INCC reflete os custos dos materiais de construção e da mão de obra, sendo um indicador importante para o setor imobiliário e para o planejamento de obras públicas e privadas.
Análise e Perspectivas
O IGP-M é uma importante referência para reajustes de contratos, como aluguel e tarifas públicas, e seu cálculo considera os preços ao produtor, consumidor e na construção civil, medidos entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. A desaceleração do índice em julho sugere que, embora ainda haja pressões inflacionárias, estas estão começando a se moderar.
Os analistas econômicos apontam que a queda nos preços dos alimentos in natura é um fator positivo, que pode ajudar a conter a inflação nos próximos meses. No entanto, a desvalorização cambial e os reajustes de preços administrados, como gasolina e energia, ainda representam riscos para a estabilidade dos preços.
André Braz ressaltou que “No índice ao produtor e ao consumidor, apesar da influência da desvalorização cambial e dos reajustes de preços administrados, como gasolina e energia, os índices subiram menos nesta edição”. Isso indica que a política monetária e as condições macroeconômicas continuarão a desempenhar um papel crucial na determinação da trajetória futura do IGP-M.
Impactos no Mercado e para o Consumidor
A desaceleração do IGP-M pode ter impactos variados no mercado. Para os consumidores, a redução nos preços dos alimentos in natura e a moderação na alta dos preços ao consumidor representam um alívio no custo de vida. Para as empresas, especialmente aquelas que dependem de insumos importados, a desvalorização cambial pode continuar a pressionar os custos, exigindo ajustes nas estratégias de precificação e gestão de custos.
Para o setor imobiliário, a desaceleração no INCC é uma boa notícia, pois pode significar menores aumentos nos custos de construção, beneficiando tanto construtoras quanto consumidores que planejam adquirir imóveis.
Em resumo, a desaceleração do IGP-M em julho traz um sinal positivo, mas o cenário ainda requer monitoramento atento dos fatores macroeconômicos e setoriais que influenciam a inflação. As expectativas para os próximos meses apontam para uma possível estabilização nos preços, dependendo da continuidade da queda nos preços dos alimentos e da influência de fatores cambiais e administrativos.