Crescimento econômico da China desacelera para 4,8%
Crescimento econômico da China desacelera para 4,8%
O crescimento econômico da China perdeu força no terceiro trimestre de 2025, registrando expansão de apenas 4,8%. O dado, divulgado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE), representa o ritmo mais lento do ano e reflete o impacto das turbulências externas e da fraqueza no consumo doméstico.
A desaceleração ocorre em um momento de incertezas globais e tensões comerciais com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Partido Comunista Chinês iniciou quatro dias de reuniões a portas fechadas, com o objetivo de definir diretrizes de longo prazo para a política econômica do país.
De acordo com o ONE, o Produto Interno Bruto cresceu menos do que os 5,2% registrados no trimestre anterior. Embora o número esteja dentro das projeções de analistas, ele confirma uma tendência de moderação no ritmo de expansão chinesa.
Pressões externas e tensões comerciais
A guerra comercial entre China e Estados Unidos continua sendo um dos principais fatores que afetam o crescimento econômico da China. Recentemente, o governo americano voltou a ameaçar tarifas de 100% sobre produtos chineses, medida que deve entrar em vigor em novembro.
Além disso, Pequim impôs novos controles de exportação sobre terras raras, insumos estratégicos para a indústria tecnológica. Essa disputa amplia as incertezas sobre o comércio internacional e coloca pressão sobre empresas exportadoras chinesas, que enfrentam margens de lucro cada vez mais reduzidas.
Enquanto isso, o governo chinês tenta reequilibrar a economia, reduzindo a dependência das exportações e do investimento em infraestrutura. Especialistas afirmam que o país precisa fortalecer o consumo interno para sustentar um crescimento mais estável e duradouro.
Consumo interno em queda e desafios no setor imobiliário
Nos últimos meses, a demanda doméstica não mostrou sinais de recuperação robusta. As vendas no varejo cresceram apenas 3% em setembro, ritmo considerado fraco para um país que busca impulsionar o consumo. O mercado imobiliário, por sua vez, segue em retração. O investimento em ativos fixos caiu 0,5% nos primeiros nove meses de 2025, refletindo a crise no setor de construção e o endividamento elevado de incorporadoras.
Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management, afirma que as medidas de estímulo recentes devem aliviar a pressão sobre o investimento, mas alerta para o risco de que o crescimento no quarto trimestre continue enfraquecido.
Essa situação revela que o crescimento econômico da China depende de ajustes estruturais profundos. O país precisa restaurar a confiança dos consumidores, estabilizar o setor imobiliário e garantir um ambiente de negócios mais previsível.
Produção industrial e pontos positivos
Apesar das dificuldades, a produção industrial apresentou desempenho melhor do que o esperado. Em setembro, o indicador subiu 6,5% em relação ao mesmo mês de 2024, superando a previsão de 5%. O resultado foi impulsionado pela recuperação do setor tecnológico e pela maior demanda em exportações estratégicas.
Julian Evans-Pritchard, economista da Capital Economics, destacou que esse avanço, embora positivo, não deve compensar a fraqueza no consumo. Segundo ele, o padrão de crescimento atual, baseado em exportações, não é sustentável a longo prazo.
O cenário indica que o país caminha para uma nova fase de transição econômica. O desafio será equilibrar o impulso industrial com políticas que fortaleçam a renda das famílias e o mercado interno.
Expectativas e próximos passos
As atenções agora se voltam para as decisões do Partido Comunista, que deve anunciar um plano de longo prazo envolvendo metas econômicas, sociais e ambientais. Espera-se que o governo adote políticas fiscais mais flexíveis, reduza impostos e amplie o crédito ao consumo.
Além disso, as negociações com os Estados Unidos devem influenciar diretamente as perspectivas para o crescimento econômico da China no fim de 2025. Um acordo parcial poderia aliviar tensões comerciais e criar um ambiente mais favorável ao investimento.
Conclusão
O crescimento econômico da China de 4,8% no terceiro trimestre confirma um momento de transição. A economia ainda enfrenta desafios com o consumo fraco, o mercado imobiliário instável e as tensões externas. No entanto, o avanço da produção industrial e as possíveis medidas de estímulo oferecem sinais de resiliência.
O desempenho da China nos próximos meses dependerá da capacidade do governo em impulsionar a confiança doméstica, estabilizar o setor imobiliário e manter relações comerciais equilibradas. As decisões tomadas nas reuniões do Partido Comunista definirão o rumo econômico do país e seu papel no cenário global.