Carrefour, Lojas Renner e Panvel são as varejistas mais expostas ao mercado do Rio Grande do Sul, segundo a Genial Investimentos. Saiba como a crise sanitária impacta essas empresas.
A Genial Investimentos destacou três varejistas como as mais expostas ao estado do Rio Grande do Sul (RS): Carrefour (CRFB3), Lojas Renner (LREN3) e Panvel (PNVL3). Embora todas estejam no setor de varejo, a dinâmica e o impacto financeiro da crise sanitária variam consideravelmente entre elas.
Impacto da Crise Sanitária
Os analistas Iago Souza e Nina Mirazon observaram que, apesar de estarem sob o mesmo setor, Carrefour, Lojas Renner e Panvel enfrentam diferentes intensidades de impacto financeiro devido à crise sanitária. Empresas que vendem produtos de primeira necessidade, como Carrefour e Panvel, têm uma menor perda de rentabilidade e podem até se beneficiar do aumento de volume de compras, similar ao início da pandemia.
Por outro lado, empresas de consumo discricionário, como a Lojas Renner, são mais sensíveis às mudanças na demanda. A demanda por seus produtos deve demorar mais tempo para se recuperar totalmente, mantendo a compressão por um período prolongado.
Análise das Empresas
Carrefour (CRFB3):
A Genial Investimentos estima que cerca de 9,0% das vendas brutas do Carrefour vêm do RS. Seus centros de distribuição em Esteio e Porto Alegre não sofreram danos materiais significativos. Sete lojas tiveram que ser temporariamente fechadas, representando aproximadamente 7,0% das lojas da UF e 1,0% das vendas brutas totais do grupo.
Os analistas preveem que o Carrefour deve apresentar um trimestre com maior alavancagem operacional, com destaque para o aumento do volume bruto de mercadorias. A empresa congelou os preços no RS, o que pode impactar a variável preço, mas o crescimento de 4,2% a/a na receita bruta indica uma aceleração sequencial de vendas, superando o crescimento de 2,5% a/a registrado no primeiro trimestre.
Lojas Renner (LREN3):
Como empresa de consumo discricionário, a Lojas Renner enfrenta maior elasticidade na demanda. A crise sanitária impacta mais significativamente sua rentabilidade e recuperação da demanda deve ser mais lenta comparada às empresas que vendem produtos de primeira necessidade.
Panvel (PNVL3):
Similar ao Carrefour, a Panvel, atuando no varejo farmacêutico, sofre menos deformação no consumo durante a crise. A demanda por produtos farmacêuticos é constante, e a Panvel deve ver um aumento no volume de vendas de itens de primeira necessidade, ajudando a suavizar o impacto financeiro.
O mercado de varejo no RS enfrenta desafios distintos dependendo do tipo de produto comercializado. Empresas como Carrefour e Panvel, que vendem produtos de primeira necessidade, estão em uma posição relativamente melhor para enfrentar a crise sanitária. A Lojas Renner, no entanto, enfrenta uma recuperação mais lenta devido à natureza discricionária de seus produtos. As análises da Genial Investimentos indicam que as decisões estratégicas dessas empresas serão cruciais para mitigar os impactos da crise e aproveitar as oportunidades de recuperação.
Confira a tabela:
Lojas Renner e o Impacto da Crise Sanitária no RS
A Lojas Renner (LREN3) é uma das principais varejistas impactadas pela crise sanitária no Rio Grande do Sul (RS). De acordo com a Genial Investimentos, cerca de 13,0% da receita líquida do varejo da empresa provêm do RS. O setor de vestuário, por ser não essencial, está entre os mais afetados, resultando em um impacto financeiro significativo neste trimestre.
Impacto Financeiro e Operacional
Os analistas Iago Souza e Nina Mirazon destacam que o maior impacto não deve ser decorrente de baixa de ativos, como perdas de estoques ou maiores despesas de CAPEX para reformas de lojas. Em vez disso, a principal pressão virá da desaceleração nas vendas e do aumento das despesas operacionais, como antecipação de férias, 13º salário e depósitos emergenciais. Essas condições podem afetar negativamente a margem EBITDA (em termos não ajustados) e o lucro, especialmente quando comparado ao segundo trimestre de 2023, que foi um período atípico tanto em termos de vendas quanto de rentabilidade.
Fechamento de Lojas
Durante o pico da crise, cerca de vinte e sete lojas da Lojas Renner (aproximadamente 4% do total) precisaram ser fechadas devido à inacessibilidade. Atualmente, cerca de sete unidades (1% do total) ainda permanecem fechadas. A continuidade dessas fechamentos contribui para a desaceleração das vendas e o aumento das despesas operacionais, agravando a situação financeira da empresa.
A crise sanitária impôs desafios significativos à Lojas Renner no Rio Grande do Sul, com impactos pronunciados na receita e nas operações. A natureza não essencial dos produtos de vestuário da empresa torna-a particularmente vulnerável às mudanças na demanda dos consumidores durante períodos de crise. A empresa precisará adotar estratégias eficazes para mitigar esses impactos e recuperar sua posição no mercado.
Confira a tabela:
Impacto da Crise no RS sobre a Panvel: Análise do Segundo Trimestre de 2024
A Panvel (PNVL3) é uma das varejistas mais afetadas pela crise no Rio Grande do Sul (RS), com 67,00% de suas vendas provenientes do estado. A empresa possui dois centros de distribuição, incluindo um em Eldorado do Sul, região fortemente impactada pelas recentes enchentes. Apesar dessa concentração, a Genial Investimentos acredita que, devido ao setor farmacêutico ser de primeira necessidade, o impacto será mais sentido na margem operacional do que no faturamento bruto.
Fatores Impactando o Lucro Operacional
Os analistas Iago Souza e Nina Mirazon identificaram quatro principais fatores que devem impactar o lucro operacional da Panvel neste trimestre:
- Redução no Faturamento do Atacado:
A linha de atacado historicamente adicionava cerca de R$ 100 milhões por trimestre ao topline, representando cerca de 8,5% do faturamento total do grupo. Com a paralisação desta operação, espera-se um impulso positivo na margem bruta consolidada do grupo, já que a rentabilidade do canal de atacado (cerca de 12,0%) era inferior à do grupo (aproximadamente 29,0%). - Crescimento das Vendas de Produtos de Higiene:
O segmento de Higiene e Beleza (HB) deve ver um aumento nas vendas de itens de higiene de primeira necessidade, como sabonete e pasta de dente. Esse crescimento deve contribuir positivamente para a rentabilidade bruta no trimestre. - Maiores Despesas com Vendas:
A antecipação do 13º salário para colaboradores e maiores gastos com logística, devido à interrupção das operações no centro de distribuição de Eldorado, resultam em um aumento das despesas com vendas. A menor alavancagem operacional deve pressionar a margem EBITDA tanto na comparação sequencial quanto anual. - Baixa de Ativos:
Apesar da maioria das lojas possuírem apólice de seguro para mitigar danos, a Panvel deve apresentar uma baixa de ativos relacionada à perda de estoque nas 18 lojas temporariamente fechadas. Isso terá um impacto financeiro no curto prazo, com menor crescimento de receita e pressão na margem operacional durante o segundo trimestre.
Perspectivas Futuras
Apesar dos desafios financeiros imediatos, a Genial Investimentos vê uma “janela de oportunidade” para a Panvel se consolidar ainda mais no mercado do RS. Com o fechamento de lojas de varejistas independentes, pontos comerciais interessantes estão sendo devolvidos, oferecendo à Panvel a chance de expandir sua presença nos próximos anos.
A crise no Rio Grande do Sul apresenta desafios significativos para a Panvel, especialmente em termos de margem operacional e despesas. No entanto, a empresa está bem posicionada para aproveitar oportunidades de expansão e consolidação no setor farmacêutico, garantindo um crescimento sustentável a longo prazo.