Nos próximos cinco anos, agentes de IA monitorando transações cripto podem se tornar uma realidade, segundo Michael Gronager, CEO da Chainalysis. Durante a conferência Token2049, realizada em Singapura, Gronager destacou que a utilização da inteligência artificial por promotores e autoridades fiscais será crucial para a investigação de crimes envolvendo criptomoedas.
De acordo com o CEO, o uso da IA no monitoramento da blockchain permitirá que os governos analisem transações de maneira muito mais eficiente e escalável do que os métodos tradicionais. Gronager prevê que a criptomoeda será a principal ferramenta para resolver crimes, devido à sua transparência e acessibilidade internacional. Ele também mencionou que o uso de IA eliminará a necessidade de grande quantidade de agentes governamentais, evitando sobreposições entre diferentes departamentos.
Criptomoedas e sonegação fiscal
Além de resolver crimes financeiros, os agentes de IA monitorando transações cripto também poderão identificar sonegadores de impostos. Gronager apontou que aqueles que liquidaram transações de criptomoedas há mais de cinco anos podem escapar sem penalidades, já que na época as regras fiscais eram menos claras e as ferramentas de rastreamento não eram tão avançadas. No entanto, com a evolução das tecnologias e das legislações fiscais, essa desculpa não será válida por muito tempo.
O IRS (Internal Revenue Service) dos Estados Unidos já está utilizando inteligência artificial para rastrear possíveis evasores fiscais. Outros países podem seguir essa tendência, automatizando suas investigações fiscais e criminais relacionadas à cripto.
Desafios com tokens de privacidade
Embora o avanço da IA na fiscalização de transações cripto seja promissor, Gronager ressaltou que certos tokens de privacidade, como o Monero (XMR), e o uso de protocolos de mixers de cripto apresentam desafios significativos para os agentes de IA. Esses mecanismos dificultam o rastreamento das transações, criando barreiras para a fiscalização governamental. Mesmo assim, a quantidade de crimes relacionados a moedas de privacidade representa menos de 1% de todas as transações com criptomoedas, segundo Gronager.
Nos últimos cinco a dez anos, o crescimento das moedas de privacidade não acompanhou a expansão das demais criptomoedas. Isso sugere que, embora o uso de moedas privadas seja uma preocupação, seu impacto sobre o rastreamento de crimes e a evasão fiscal é relativamente pequeno.
Crescimento das transações ilícitas com criptomoedas
Em um relatório de 11 de julho, a Chainalysis indicou que quase US$ 100 bilhões foram transferidos de carteiras ilícitas para exchanges de criptomoedas ou serviços alternativos de conversão desde 2019. Esse volume crescente de transações ilícitas sublinha a importância de se desenvolverem ferramentas eficientes para rastrear atividades criminosas no blockchain.
No entanto, Gronager destaca que a quantidade absoluta de crimes envolvendo criptomoedas tem aumentado, mas o crescimento não acompanha o mesmo ritmo da expansão geral das transações cripto, o que sugere que o setor ainda está evoluindo em termos de segurança e regulamentação.
A previsão de agentes de IA monitorando transações cripto nos próximos cinco anos representa uma mudança significativa no combate aos crimes financeiros. A combinação de inteligência artificial e blockchain permitirá maior transparência e eficiência nas investigações, impactando tanto a sonegação fiscal quanto outras atividades ilícitas. No entanto, desafios como o uso de tokens de privacidade e mixers de cripto continuarão a demandar soluções inovadoras.