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ANBIMA lança projeto piloto de tokenização no Brasil

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ANBIMA lança projeto piloto de tokenização no Brasil

A ANBIMA anunciou o projeto piloto de tokenização, uma iniciativa que representa um avanço decisivo para a modernização do mercado de capitais brasileiro. Com isso, a entidade busca aprofundar o uso da tecnologia blockchain na emissão e na negociação de ativos digitais. Dessa forma, será possível criar uma base sólida e integrada para promover interoperabilidade, padronização e governança dentro do ambiente financeiro digital. Além disso, o projeto reforça o compromisso da ANBIMA com a inovação e a construção de um ecossistema financeiro mais eficiente e transparente.

Essa movimentação reflete o compromisso da ANBIMA em integrar inovação e regulação, promovendo uma nova infraestrutura financeira que equilibra eficiência, transparência e segurança.


Tokenização no Brasil e a busca por interoperabilidade

O projeto piloto de tokenização é o primeiro movimento institucional que reúne diferentes agentes do mercado de capitais em um mesmo ecossistema. Hoje, a tokenização de ativos reais (RWA) avança por meio de projetos privados isolados, mas sem uma estrutura comum de operação e regulação.

Essa fragmentação limita a liquidez e impede o desenvolvimento de um mercado coeso. Plataformas que utilizam tecnologias distintas raramente se comunicam entre si, o que reduz o potencial econômico e aumenta o risco operacional.

Segundo Eric Altafim, diretor da ANBIMA, o novo piloto pretende corrigir essa lacuna, oferecendo um ambiente controlado para testes e validações que orientem futuras regulamentações. Ele reforçou que a entidade, por ser neutra e representativa, está em posição ideal para liderar o processo.


Objetivos estratégicos e escopo técnico do piloto

Entre os principais objetivos do piloto, destacam-se:

  1. Testar a viabilidade técnica da tokenização em ambiente regulado, assegurando eficiência e conformidade legal.
  2. Estabelecer padrões técnicos e de governança, promovendo interoperabilidade entre instituições financeiras.
  3. Criar um modelo de referência para emissão, negociação e custódia de ativos digitais.
  4. Definir responsabilidades de cada agente de mercado dentro do ecossistema tokenizado.
  5. Gerar diretrizes regulatórias e conhecimento técnico para políticas públicas e educação financeira.

Os testes acontecerão em uma rede DLT privada e permissionada, simulando todo o ciclo de uma debênture tokenizada — desde a emissão até a liquidação. Essa estrutura permitirá avaliar ganhos em transparência, redução de custos e segurança operacional.


Governança e estrutura colaborativa

A governança do projeto piloto de tokenização é, portanto, um dos pontos centrais dessa importante iniciativa. Além disso, a ANBIMA coordenará todo o processo em parceria com diversas entidades públicas e privadas, o que garante um modelo não apenas colaborativo, mas também totalmente transparente. Desse modo, o projeto reforça o compromisso do mercado financeiro com a inovação responsável e, ao mesmo tempo, fortalece a confiança entre os participantes do ecossistema digital.

O Comitê Técnico e de Negócios será composto por especialistas do mercado com experiência em blockchain e ativos digitais. Esse grupo definirá os critérios técnicos, validará os testes e consolidará os aprendizados.

Já o Comitê de Acompanhamento atuará em contato direto com o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), garantindo que todas as práticas sigam padrões compatíveis com a legislação vigente.

Entre os parceiros confirmados estão, por exemplo, a Fenasbac, responsável pela consultoria em inovação; a RTM, por sua vez, encarregada da infraestrutura tecnológica; a BBChain, além disso, responsável pela integração blockchain; e, por fim, a IPMF Global, que apoiará tanto a governança de dados quanto a definição de padrões internacionais. Dessa forma, a colaboração entre essas instituições não apenas fortalece a estrutura técnica do projeto, mas também assegura a adoção de boas práticas em nível global.


Cronograma e fases do desenvolvimento

O projeto será implementado em três grandes fases:

  • Planejamento (até fevereiro de 2025): seleção de casos de uso e definição dos parâmetros técnicos.
  • Execução (março de 2025 a setembro de 2026): testes completos de emissão, negociação e liquidação de ativos tokenizados.
  • Conclusão (dezembro de 2026): consolidação dos resultados e divulgação de um relatório final com as diretrizes do modelo.

Além disso, a ANBIMA lançará a Jornada de Tokenização, uma iniciativa educacional aberta ao mercado. O programa terá foco na formação de profissionais e na disseminação do conhecimento técnico gerado pelo piloto, fortalecendo a base de talentos e estimulando a inovação no setor.


Impacto e perspectivas para o mercado financeiro

O impacto esperado do projeto piloto de tokenização é profundo. A iniciativa pode transformar o modo como os ativos são emitidos, registrados e negociados no Brasil. A tokenização reduz a burocracia, aumenta a transparência e melhora a eficiência operacional.

De acordo com estimativas recentes, o mercado de tokenização de ativos reais no país já movimenta cerca de US$ 1 bilhão. Com o avanço de padrões comuns e maior confiança institucional, esse volume tende a crescer de forma expressiva nos próximos anos.

Ao alinhar inovação, regulação e colaboração, a ANBIMA posiciona o Brasil entre os líderes regionais em finanças digitais. A integração entre blockchain e mercado de capitais abre novas oportunidades para investidores, emissores e reguladores.


Conclusão

O projeto piloto de tokenização da ANBIMA simboliza um marco para a infraestrutura financeira nacional. Ele unifica esforços de diferentes agentes do mercado, promove interoperabilidade e prepara o terreno para um sistema financeiro mais transparente, moderno e acessível.

Com a implementação das fases de teste e a participação de órgãos reguladores, o Brasil dá um passo decisivo rumo à digitalização completa de seus ativos financeiros. Essa transformação não apenas impulsiona a competitividade, mas também estabelece novas bases para o crescimento sustentável do setor de capitais.


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