Bitcoin sobe 3% e volta aos US$ 115 mil após tensões globais
O preço do Bitcoin iniciou a semana com um forte movimento de recuperação, avançando 3% e voltando a testar a zona dos US$ 115 mil. Após uma queda acentuada para US$ 102 mil, o mercado reagiu à melhora do sentimento global e à entrada moderada de capital em fundos de investimento em criptoativos. Esse avanço, ainda que pontual, reacendeu o debate sobre a força da tendência de alta no curto prazo.
Na manhã desta segunda-feira, 13 de outubro de 2025, o BTC era negociado a R$ 637.524,38, com impulso de compradores dispostos a aproveitar os preços mais baixos. O movimento ocorre em meio à volatilidade dos mercados internacionais e à expectativa por novos sinais de política monetária do Federal Reserve. Analistas destacam que o momento é de observação e que a demanda à vista e os fluxos de ETFs serão decisivos para sustentar a valorização.
Cenário macroeconômico pressiona o Bitcoin
De acordo com André Franco, CEO da Boost Research, os mercados asiáticos começaram a semana em baixa, refletindo o impacto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos à China, anunciadas por Donald Trump para 1º de novembro. O aumento de 100% sobre importações chinesas ampliou a aversão ao risco global.
Apesar disso, declarações mais conciliatórias durante o fim de semana reduziram parte do pânico inicial. Os investidores também acompanharam a instabilidade política no Japão e na França, além de resultados corporativos nos EUA que indicaram lucros acima do esperado. No câmbio, o dólar e o iene mostraram pequenas oscilações, enquanto os rendimentos dos Treasuries recuaram diante das expectativas de novos cortes de juros.
Entre as commodities, o ouro atingiu máximas históricas e o petróleo subiu impulsionado pelo otimismo em torno de um possível acordo comercial. Para Franco, “o ambiente global continua frágil, e a força do dólar, combinada à aversão ao risco, impõe resistência à valorização do preço do Bitcoin. Mesmo assim, o interesse por ativos alternativos cresce como proteção diante das incertezas.”
Análise técnica: BTC precisa romper US$ 116,5 mil
O analista Paulo Aragão, fundador do Giro Bitcoin, avalia que o mercado ainda opera com cautela. “A pressão dos fluxos futuros diminuiu, mas a recuperação depende de liquidez constante e de maior confiança dos investidores”, afirmou. Ele acrescenta que o índice de força relativa (RSI) precisa se estabilizar acima de 55 para confirmar um novo ciclo de alta.
Segundo Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN Research, o cenário técnico está mais saudável após a liquidação do fim de semana, que eliminou posições altamente alavancadas. “Esse processo reduz o risco sistêmico e melhora a estrutura do mercado. No entanto, a continuidade da alta dependerá de fluxo constante em ETFs de Bitcoin e de maior volume no mercado à vista”, explica.
Misir estima que o preço do Bitcoin deve oscilar entre US$ 110.000 e US$ 117.000 nos próximos dias. “Um fechamento diário acima de US$ 116,5 mil abriria espaço para uma nova onda de valorização até US$ 125 mil. Já uma queda abaixo de US$ 108 mil pode reacender a pressão vendedora e levar o ativo novamente à casa dos US$ 100 mil”, ressalta.
Outras criptomoedas acompanham o movimento
A melhora do sentimento também beneficiou as altcoins. O Ethereum subiu 8,2%, chegando a US$ 4.140, enquanto a BNB avançou 14%, atingindo US$ 1.288. Entre as principais altas do dia estão Synthetix (SNX), Bittensor (TAO) e Ethena (ENA), com ganhos de 140%, 30% e 23%, respectivamente.
Em contrapartida, Dash (DASH), MemeCore (M) e ZCash (ZEC) registraram quedas de 5% a 8%. Essa rotação de capital reflete ajustes após fortes oscilações e liquidações do fim de semana. Para analistas, a diversidade de movimentos mostra que o mercado ainda busca estabilidade e direcionamento claro para o próximo ciclo.
Bitcoin: fundamentos e importância no mercado global
Criado em 2009 por Satoshi Nakamoto, o Bitcoin é a primeira moeda digital descentralizada do mundo. Com oferta limitada a 21 milhões de unidades, ele representa um sistema financeiro independente, baseado em uma rede peer-to-peer que dispensa intermediários.
A transparência e a segurança são garantidas pela Blockchain, que registra todas as transações de forma pública e imutável. Por isso, o BTC é visto como uma alternativa de reserva de valor e um instrumento de proteção contra políticas monetárias inflacionárias.
Em um contexto de tensões comerciais e políticas, o preço do Bitcoin tende a reagir com sensibilidade. Investidores utilizam o ativo como forma de diversificação e proteção frente à volatilidade das moedas fiduciárias e dos mercados tradicionais.
Conclusão
O preço do Bitcoin mostra sinais de recuperação, mas o caminho para uma valorização consistente ainda depende de fatores externos. As tensões entre EUA e China, o posicionamento dos ETFs e a política monetária americana seguirão determinantes nas próximas semanas.
Caso o BTC consiga romper o patamar de US$ 116,5 mil com volume crescente, há potencial para uma expansão até US$ 125 mil. Entretanto, se o fluxo de capitais recuar, o mercado pode enfrentar nova correção.
O cenário reforça a importância de gestão de risco, paciência e estratégias graduais. Para o investidor atento, o momento pode representar uma oportunidade de reposicionamento e aprendizado em meio a um mercado cada vez mais dinâmico.
Análise completa: impacto das tarifas dos EUA no preço do Bitcoin