Proposta de combinação entre EMS e Hypera fortalece setor farmacêutico
A EMS, uma das principais farmacêuticas do Brasil, sugeriu uma combinação de negócios com a Hypera, uma gigante do setor farmacêutico. Essa proposta envolve uma oferta pública de aquisição (OPA) de até 20% das ações da Hypera por 30 reais cada, além de uma troca de ações. A operação, se concretizada, dará à EMS o controle de pelo menos 60% da Hypera, com potencial para ultrapassar 70%, dependendo da adesão à OPA, conforme reportado pelo site Pipeline. Esse movimento pode ter implicações significativas no setor farmacêutico brasileiro, consolidando ainda mais a posição da EMS no mercado.
Contexto da proposta de combinação
Essa não é a primeira vez que uma consolidação entre grandes laboratórios farmacêuticos brasileiros é cogitada. Em 2022, surgiram rumores sobre negociações da Hypera com o Grupo NC, dono da EMS, para uma possível venda. Na época, houve também discussões com a Eurofarma, outra grande farmacêutica brasileira, sobre a aquisição da Hypera. A proposta atual reacende essas negociações. Além disso, destaca o interesse contínuo da EMS em expandir sua presença no mercado. Isso seria feito por meio de aquisições estratégicas.
O principal acionista da Hypera é João Alves de Queiroz Filho, fundador da empresa, que detém 21,38% do capital. Além disso, a mexicana Maiorem possui 14,74% das ações, e o grupo Votorantim controla 5,1% da companhia. A EMS, se bem-sucedida em sua oferta, ultrapassará esses acionistas e assumirá o controle majoritário da Hypera, o que representaria uma das maiores transações do setor farmacêutico no Brasil.
Importância do controle da Hypera
A Hypera é uma empresa de grande relevância no mercado farmacêutico brasileiro, conhecida principalmente por marcas populares como Buscopan, Coristina e Neosaldina, que dispensam receita médica. Nos últimos anos, a companhia tem investido fortemente em medicamentos genéricos e ampliado sua base de moléculas. Além disso, está planejando a inauguração de uma fábrica piloto de medicamentos oncológicos até 2026. Com isso, a empresa visa diversificar ainda mais seu portfólio. Em termos financeiros, com uma receita líquida de 7,9 bilhões de reais e lucro líquido de 1,65 bilhão de reais em 2023, a Hypera se consolidou como um player essencial no mercado de saúde do país.
A EMS, por sua vez, é líder no mercado de medicamentos genéricos desde 2013, com uma receita líquida de 5,7 bilhões de reais e lucro líquido consolidado de 311,3 milhões de reais em 2022. Com a aquisição da Hypera, a EMS não apenas ampliaria sua base de operações, mas também diversificaria ainda mais seu portfólio de produtos, fortalecendo sua posição no mercado.
Plano de otimização da Hypera
No mesmo dia em que a notícia sobre a combinação entre EMS e Hypera foi divulgada, a Hypera promoveu uma conferência. Os principais executivos apresentaram um plano de otimização de capital de giro aos analistas. A estratégia visa reduzir os prazos de contas a receber de 116 dias para 60 dias. Segundo o presidente-executivo da Hypera, Breno de Oliveira, isso pode gerar ganhos substanciais para os acionistas. Esses ganhos são esperados no médio e longo prazos.
Contudo, essa estratégia foi recebida com cautela pelo mercado. As ações da Hypera sofreram uma queda acentuada de 17% após o anúncio da otimização de capital de giro. Essa queda reflete a preocupação dos investidores com os efeitos dessa mudança nos resultados de curto prazo. No entanto, com a notícia sobre a combinação entre EMS e Hypera, os papéis da Hypera recuperaram parte do valor perdido. Assim, os papéis subiram quase 5% no mesmo dia.
Desafios e oportunidades da combinação EMS e Hypera
A proposta de combinação entre EMS e Hypera representa uma oportunidade significativa para ambas as empresas. Para a EMS, a aquisição de uma participação majoritária na Hypera permitirá que a companhia expanda sua liderança no setor farmacêutico, com um portfólio ainda mais robusto de medicamentos. Além disso, a presença de marcas fortes como Neosaldina e Buscopan agregará valor à estratégia de negócios da EMS.
Para a Hypera, a combinação oferece novos recursos e possibilidades de colaboração em pesquisa e desenvolvimento. Consequentemente, isso pode acelerar a produção de novos medicamentos, especialmente na área de genéricos e oncológicos. Além disso, a operação também pode gerar sinergias operacionais, como a otimização da cadeia de suprimentos e a redução de custos, o que, por sua vez, beneficiará ambas as partes.
No entanto, há desafios a serem enfrentados. A reação inicial do mercado à proposta de otimização de capital de giro da Hypera foi cautelosa. Os investidores estão preocupados com as mudanças nas operações da empresa. Além disso, a combinação entre EMS e Hypera pode atrair a atenção de órgãos reguladores. Esses órgãos podem impor condições para aprovar a transação, especialmente em relação à concorrência no mercado de genéricos.
Conclusão
A combinação entre EMS e Hypera tem o potencial de redefinir o mercado farmacêutico no Brasil. A EMS, ao adquirir uma participação majoritária na Hypera, fortalece sua posição no setor, expandindo sua liderança e consolidando seu portfólio de medicamentos. Para a Hypera, a proposta traz novos recursos e oportunidades de crescimento. Entretanto, a empresa precisa superar desafios de curto prazo e potenciais obstáculos regulatórios.